3.10.11
Foram os cabeludos que mudaram o mundo
Por estes dias meio nostálgicos e cheios de sol , consultório em obra e tendo que permanecer por aqui , resolvi ver o vídeo de um conjunto que possivelmente marcou muita gente , Creedence Clearwater Revival e viajei longe .
Primeiro a alegria dos caras , aqueles que você sente o prazer de quem ama o que faz , John Fogerty a frente , o grande gênio e compositor da maior parte das canções , seu irmão Tom , parceiro de algumas e mais dois outros caras , vejam só :
Creedence Clearwater Revival foi uma banda de rock californiana formada por John Fogerty (guitarra e vocais principais), Tom Fogerty (guitarra), Stu Cook (baixo) e Doug Clifford (bateria), que, sob outras denominações, tocavam juntos desde 1959.
Adotaram o nome Creedence Clearwater Revival em 1967, com o qual lançaram as primeiras gravações em 1968. O nome surgiu pela junção do nome de um amigo de Tom Fogerty, Credence Nubal, com Clearwater, uma cerveja da época e Revival, simbolizando a união entre os membros, que já tocavam juntos desde 1959. Ao nome de Credence, adicionaram um e para lembrar creed (crença, credo).[1] Em 1968 obtiveram o primeiro disco de ouro, com o álbum de estreia, Creedence Clearwater Revival.
Ao longo da carreira, entre singles e álbuns, conquistaram nove discos de ouro e sete discos de platina. Separaram-se em julho de 1972. John Fogerty foi quem teve mais êxito na carreira solo. Seu irmão Tom faleceu em 6 de setembro de 1990. Em 1993 o Creedence Clearwater Revival foi introduzido ao Rock and Roll Hall of FameHYPERLINK \l "cite_note-1"[2].
Recentemente, Stu Cook e Doug Clifford formaram o genérico Creedence Clearwater Revisited, e passaram a excursionar pelo mundo, tocando antigos sucessos da banda original ."
Sensacional vê-los em ação ! nossa, que belo astral , e que energia de renovação ! Época que a revolução dos costumes começava a se expandir pelo mundo , chegando a nós , sempre um pouco atrasados , mas não teve quem não dançasse ou se sacudisse ao som das baladas , que de verdade pouco diziam , como a maioria delas, mas o som, o som , era o que importava , equem curte rock, sabe que os arranjos , as guitarras principalmente , eram a senha para o astral ,para tudo que queria abrir , a sede do mais, o gosto da des-repressão , mas com som e muita dança.
Woodstock foi o ápice , clamor de toda uma geração e liberdade ( sempre é bom lembrar que liberdade é conceito temporal e que figura dentro de um registro histórico) , festival de tudo , de corpos , sexo , maconha ( a principal) , alegrias miI , muito som e contato , com um detalhe , a saber, eram todos cabeludos , homens e mulheres .
Se os Beatles , já tinham promovido a celebração de um novo tempo , mudando energéticamente os conceitos , e com talento inconteste toda concepção de uma ruptura anunciada desde a juventude transviada de James Dean , os hippies encarnaram as mudanças no seu cotidiano , buscando outra forma de ser e viver.
Heman Hesse , Marcuse , Gurus e o fascínio dos ensinamentos espirituais do Oriente , desde Mahatma Gandi até o Maravishi dos Beatles , com participação de Ravi Shankar , pra quem não sabe , pai de Nora Jones, a cantora premiada de jazz , que deixou 18000 pessoas na rua que não puderam entrar em seu show em S.Paulo.
Caraca, coisa boa, tanta mudança , muita adrenalina e muito apelo para outra coisa , outra cena , não tanto do inconsciente , mas pelo contrário , além do consciente chato e masmorrento que regia os padrões já surrados e monótonos de um mundo que já pedia para ser outro .
Pois a rapaziada escutou em si estes apelos e se lançaram , nada de guerras idiotas e sem nexos ,em nome sei lá do que e fora com Vietnam e fora com brutalidades , um romantismo delicioso e valente , chocante aos olhos conservadores , mas irreversível , a força e o clamor de uma juventude que resolveu mostrar a cara e dizer o que não queria mais pra si .
Se por um lado não havia como segurar os exageros (vejam a hybris e o metrum , a ser lançado no blog ) que lamentavelmente levou muita gente jovem, conhecidas e anônimas, embora , por outro, abriu espaços e mudou completamente o desenho do tecido social , redescobrindo o valor do improviso e da criação , crítica direta à consciência laranja apontada por Wilber e da des-humanização do capitalismo festejado principalmente pelos ricos em detrimento dos pobres.
Um mundo de potências ameaçadoras , de destruição nuclear a nos invadir o imaginário , de ditaduras e assassinatos impiedosos , dividido entre duas concepções ideológicas de direitas e esquerdas , tudo empurrado goela abaixo , cheio de contradições inexplicáveis e de mentiras nada convincentes .
Os cabeludos , mesmo não atentando para toda complexidade em jogo , resolveram desafiar o sistema e com o slogan " paz e amor " entraram na luta por um mundo melhor , "faça paz , não faça guerra ". Adotando postura no estilo de Henry Thoreau que dizia "Quero me defrontar apenas com os fatos essenciais da existência, em vez de descobrir, a hora da morte, que não vivi".
Naturista e rebelde Thoreau , queria expulsar da floresta , sua casa por opção e consoante com uma vida simples e natural , " tudo que não fosse vida", propondo que deveríamos desobedecer , seu livro empolgante , pois para ele em sua crítica ao Estado: "O melhor governo é o que menos governa".
Era hora do basta , do "chega de nos dizer o que fazer ou o modo com deveríamos ser" uma guerrilha ao" ideal de eu"proposto pelos modos conservadores e já pouco convincente para quem queria muito mais .
Relações burocratizadas e institucionalizadas em formas estereotipadas , como o casamento por exemplo , ou como construir família e se tornar um bom homem , pagador de impostos, cumpridor de deveres e obrigações , era visto como uma sentença a ser cumprida , já que a forma era a mesma há milênios .
Uma revolução nos costumes , como disse, e na relação do público e do privado ,pois não haveria esta autoridade prévia a dizer o que deveria ser feito , tudo era novo e experimental , partia-se para pesquisa relativa aos estados alterados de consciência , a vida para além do ego, nossa, quanta coisa incrível e cheia de desejo de descobrir .
Alan Watts e Thimoty Leary , a nos dizer das possíveis iluminações pelo LSD , um tipo de anúncio empolgante , mas que se mostraria equivocado na sequência , já que aí a questão é mais complexa , mas que de certa forma, apontaria para os ventos que trazem dúvidas às certezas estabelecidas na equação vida-morte , que nos instiga cada vez mais .
O espírito vigente da liberdade incidia de imediato sobre as roupas , estilo solto de poucas combinações , algo como , mais à vontade de se vestir como se quer, do que de combinar , outro front onde o padrão estabelecido e portador das estéticas convencionais sofreria duros golpes , que rapidamente absorveria trnasformando em moda , um novo estilo a ser oferecido nas vitrines .
Hoje é " normal" ver um senhor com cabelos compridos e presos, tipo rabo de cavalo , coisa impossível de ser concebida a pouco tempo atrás , ou senhoras com cabelos vermelhos e adornadas exoticamente , herança valente que ousou minimizar a importância do olhar do outro em nossas vidas particulares e em nosso direito de experimentar combinações assimétricas , mais pra bandana do que pra buquê .
Mundo vivo, intenso , cheio de propostas , de grandes debates, desde a influência do sistema social na regência do particular , até a direção do mundo como um lugar de todos , uma nova forma de ver e viver , algo pelo que lutar, uma boa e bela causa , onde a vida parecia se dizer melhor .
Mudou o mundo , mudamos nós e meu vídeo que repeti duas vezes está acabando , e eu também vou me despedindo , escrevo já com os efeitos da nova revolução que possivelmente , não agradasse tanto a Thoreau , pois passamos a um modo virtual de ser , onde os estados alterados e experimentais parecem mais próximos da esquizoidia social , do que de uma nova realidade transcendental.
A vez é dos carecas , dos modelitos ensaiados para mídia , dos moicanos bem estudados para os flashs , mas sem dúvida, também de outros ganhos, principalmente tecnológicos , uma rede social de criaturas virtuais que vão descobrindo seus modos de transformar o mundo, de influir nos destinos sociais , de participar da história e de amar , um novo tipo de virtuosismo onde o virtual é que decide o depois.
Interessante , pois inverte o comum e propõe novos desafios , onde cada um haverá de fazer suas apostas , já que o terreno pós- moderno é de todos e de ninguém em particular, uma condição sem nomeações , sem muitos endereços e sem sistemas maiores para se socorrer .
Uma mexida no narcisismo que para alguns é a grande mazela atual do mundo, pois na perda de referência do familiar, o mundo ficou mais impessoal , um lugar onde o sujeito tem o seu valor pela performance de mercado que, cada vez mais exigente, vem deixando de fora muita gente que, por sua vez, tende a buscar um melhor lugar para viver .
A questão dos lugares e territórios vem exigindo novas remarcações , pelo aproveitamento de todos , já que não se pode conceber uma ordem sócio-familiar que só caiba os seus , pois aos poucos e graças aos cabeludos e barbudos , começamos a enxergar que o mundo é de todos e que nossa cidadania é universal, outra fronteira que os cabeludos enfrentaram , deixando crescer os cabelos além dos limites demarcados .
Ah! desculpem a celebração! É que gosto muito dos meus cabelos encaracolados e símbolo de uma época que faz parte de mim e que reviso sempre , uma escola de fortunas e de confrontos que evitam as acomodações , embora reconheça que tudo passa e muito já passou , e que John Forgety hoje, é gordo e careca , mas continua vivo como arte e talento , a memória eterna do que é bom .
Valeuuuuuuuuuuu aí o do cabelo grande
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