6.3.13

A Terra Brasilis , a Aurora de uma esperança



Sempre que penso em política me ocorre uma estranha sensação , tanto física como mental , um estado difuso de ser um protagonista do que me afeta , ao mesmo tempo , em que me questiono o que isto tem haver comigo?

A cada dia, vejo uma imensa movimentação ocorrendo , muitos dizeres , muitos pareceres , muitas decisões , muitas promessas , um universo que percebo próximo , pois me coloca como depositário direto do que se passa ( a discussão sobre energia , por exemplo , se traduz pelo preço da conta a pagar , do alimento ,a mesma coisa ), ou seja , é um universo não tão paralelo, mas uma tanto alienígena à maioria de nós.

Este universo com suas leis oficiais e oficiosas nos confude  a tal ponto,  que a maioria sequer se interessa por ele , mesmo sabendo ou não , que é de lá que parte as grandes decisões sobre a vida material , que é a vida mais imediata , aquela que fala do pão , o mínimo necessário para que o homem acredite em Deus , diria São Tomás de Aquino .

Estabelece-se desde sempre a relação do chamado Estado x Sociedade , relação difícil , complicada , por muitas vezes ininteligível , até mesmo para os mais experts , aquelas almas que não olham pra outra coisa , que buscam conter o futuro em seus anseios de poder , seja financeiro ( outro universo intraduzível ) ou político , uma febre delirante que nenhuma medicação consegue baixar .

Sempre me pareceu e continua me parecendo , que por ser um animal político ( Aristóteles ) , e diga-se , pólis ( povo) , a chamada política seria por princípio, o modo pela qual se buscaria meios para que determinados fins, pudessem ser alcançados  para melhoria geral , já que , não há outro propósito maior .

Somos obrigados por esta estranha e decisiva imanência, a convivermos uns com outros e possibilitarmos através do trabalho , este elo comum a espécie , uma condição que seja a melhor para todos , uma vez que temos em conta , que nem só do pão viverá o homem .

Observa-se de pronto, que a maioria parece não ter vocação para lugares de poder público , lideranças em relação quantitativa com o povo são pouquíssimas e por isso , por falta de engajamento  nessas esferas tendem a se repetir , pois uma vez alcançadas articulações de projetos ou só mesmo de manutenção do status quo, se eternizam com a espada do poder .

Assistimos decisões sobre nossas vidas diárias, como se estes centros que decidem pertencessem a outro planeta , não conseguimos ver a via de acesso onde pudéssemos nos fazer ouvir , e agravado pela percepção da tendência que todo poder político parece ter , de se afastar para seus palácios , uma vez conquistado .

As cúpulas alegam privacidade , o que sem dúvida é necessário , mas não só , pois é fácil ver que medidas antipáticas , mesmo que necessárias , são cercadas de cerceamentos de retorno , como que não interessa mais o que se pensa , principalmente o que for contrário , condição básica, para que aos poucos os autoritarismos passem à História por conta das melhores intenções .

Ideologias, todas alegam ser o caminho do Homem , ignoram que tiram a liberdade de poder se ver todos os lados , ou de se escutar o oposto , e embora considerem na chamada democracia o lugar importante da oposição , vemos que “ Quem não está conosco , está contra nós”, uma surdez ditatorial , que só faz confirmar que “ democracia é a escuta da alteridade e da diferença”.

Sendo um exercício espetacular de condução de destinos sociais , precisaríamos ter com nossos governantes uma relação de profunda solidariedade e amor , pois precisamos que acertem , que sejam iluminados em suas decisões , que nos ajudem a avançar , tanto física como espiritualmente , que nos estimule o amor ao próximo , que nos libere de visões provincianas , que nos dê à confiança de estarmos não só apontando para o mesmo norte , mas efetivando-o cada vez melhor em nosso dia-a-dia .

Creonte , o grande Rei de Tebas , afirma que “ só se conhece um homem quando ele passa pelo poder “ , e aí eis a provação de todos nós , pois o poder é um capítulo especial em nossa evolução , não só pela subversão que faz à ralação do ganha pão ( já que traz todos os fetiches à satisfação oral sem as interdições da realidade), mas pelos atavismos que suscita como poder de mando , volta-se ao anacronismo do velho passado com seu estilo imperial .

Observando-se construções da nobreza , é fácil perceber que o povo , a plebe com seus tormentos sempre acabam sendo consideradas incômodas , e logo, levanta-se muros enormes e intransponíveis e bem guardadas pelas suas guardas , pleonasmo perfeitamente adequado para o caso .

Distâncias se estabelecem hoje em muros mais invisíveis , burocracias que desestimulam ações que buscam proximidade , alega-se falta de tempo para o contato , o mesmo que em épocas de eleições toma outra feição demagógica , pois precisa-se do voto , instrumento ainda precário por si só, já que sem a consciência mais esclarecida( a lá Habermas), o voto é sugestão hipnótica, que os chamados coronéis aprenderam na prática , sem formação acadêmica nenhuma.

Até hoje nosso ranço materialista é um grave impedimento , pois falamos do pão e não da alma , como se fossemos reduzidos a um único sistema orgânico , o gastro-intestinal , como se nosso esclarecimento para um melhor viver e deciframento do mundo , fosse secundário .

A alma quer sua luz , que começa justo na educação , uma condição da sua autonomia como sujeito , talvez temida pelos governos obscurantistas como diria Henry Toureau , em seu livro clássico “ Desobediência Civil “, condição de quem se esclarece para melhor poder sonhar , um pouco mais de alívio em relação à opressão do cotidiano, que só faz se repetir em suas mazelas .

Os ricos são invejados pois parecem ter uma vida cheia de variações , de novidades , de paredes finas ou inexistentes , de que podem fazer o que quiserem ou terem o que quiserem , fantasia de que o dinheiro nos devolve a relação mágica com o seio materno , embora desenvolva o controle chamado anancástico , segundo Freud , o poder de reter às fezes .

Dinheiro e sujeira , aqui nesse país conhecemos bem desde sempre , pois somos filhos de uma Corte falida e fugidia , mais uma imposição da vida e de Napoleão do que uma escolha propriamente dita , um imaginário de fim de mundo por falta de opção e de certeza que Napoleão jamais iria se aventurar a vir aqui pessoalmente , já que até hoje muita gente não sabe onde fica o Brasil , nem no mapa .

Embora se faça justo dizer também,  o quanto de desenvolvimento devemos ao nosso Regente Imperial e sua troup fugidia , trapalhadas interessantíssimas por um lado, e feitos que nos tiraram da província e do chamado “ quinto dos infernos”.

Nossos políticos adoram esta nossa condição meio degredada e ignorante , pois eles mesmos não passariam no teste de qualidade , criaturas que sequer sabem falar direito , mal informados, falta de cultura geral ,e resultado de um fisiologismo podre que insistem em manter para não desaparecerem de vez .

A visão do homem em Paidéia ,  pedagogia da formação das virtudes ensinada pelos gregos, passa longe , pois a muito se perdeu o sentido de direção , metonímia que nos faz rodar com sensação de que não se sai do lugar , afetação que atinge o sentido do próprio viver , onde a verdade e a mentira se acolhem de forma prática de acordo com os interesses imediatos .

Perde-se qualquer critério e estabelece-se uma ideologia prática , o que interessa é o que tem urgência , desespero que abre brecha para todas falcatruas , pois argumenta-se que importante é por o asfalto , mesmo que dure pouco , alto custo pago por imposição da demagogia dos que dizem nos representar.

O “Homem” a quem se busca perdeu seu endereço num mundo confuso e arrogante , nos falta um verdadeiro ideal , seja o ideal de Eu de Freud , a utopia de Tomás More ou o Homem Divino das tradições espirituais , um Homem que valha realmente a pena , um Homem que apesar das nossas diferenças, seja reconhecido como melhor , um exemplo da raça como Nietzsche buscou formular , em seu Zaratrusta .

Melhoremos nós e dispensemos a quem queira nos representar sem credenciais , uma vez que a política está em nós mas não o exercício político do poder , façamos esforço para que nossos obscurantismos particulares não seja nossa escolha ao decidir sobre nossos destinos social , principalmente, tendo-se em conta que viver olhando para o que não presta pode nos contaminar , mas não olhar pode nos alienar . 

Trabalhemos pela vida que acreditamos , mesmo que sua raízes ainda estejam incipientes , mas por que não ? É assim que tudo começa , pois uma nova disposição mental não pode começar com muitos , o processo é ir se despertando aos poucos , encarnemos então este novo sopro , pois ninguém é dono do que a vida nos oferece de melhor e o que de melhor nos identifica , a liberdade.

Esse artigo seria bem maior , parei para que se adaptasse ao estilo do blog , que já se queixam o que compreendo , embora tenha assuntos que pareçam inesgotáveis . Agradeço a paciência e o tempo que me dedicam  . VALEU.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Há ou não inveja do pênis?